segunda-feira, 18 de maio de 2009

X Congresso Mundial de semiótica, em La Corunã, setembro de 2009


Mais informações: http://www.semio2009.org/semiotica/

Tríade de Pierce

Algumas bibliografias sobre semiótica =]

SANTAELLA, Lucia. Semiótica aplicada. 1 ed., São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

NÖTH, Winfried. A semiótica no século XX. Coleção E, volume 5. São Paulo: Annablume, 1996.

PEIRCE, Charles Sanders. Estudos coligidos. Tradução: A. M. D'Oliveira. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

SANTAELLA, Lucia & NÖTH, Winfried. Imagem - cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 1997.

HIPPÓLYTO, Fernando. Operações psicológicas: Abordagem semiótica da comunicação na guerra moderna. Natal: UnP, 2007.

SANTAELLA, Lucia. A teoria geral dos signos. 1 ed., São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

eis a dúvida.


Semiologia em quadrinhos




TERCEIRIDADE
SECUNDIDADE
PRIMEIRIDADE

Semioticando


A Semiótica (do grego semeiotiké ou "a arte dos sinais") é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Ocupa-se do estudo do processo de significação ou representação, na natureza e na cultura, do conceito ou da idéia.

Origens

É importante dizer que o saber é constituído por uma dupla face. A face semiológica ou semiótica (relativa ao significante) e a epistemológica (referente ao significado das palavras).

A semiótica tem, assim, a sua origem na mesma época que a filosofia e disciplinas afetas. Da Grécia até os nossos dias tem vindo a desenvolver-se continuamente. Porém, posteriormente, há cerca de dois ou três séculos, é que se começaram a manifestar aqueles que seriam apelidados pais da semiótica (ou semiologia).

Os problemas concernentes à semiótica podem retroceder a pensadores como Platão e Santo Agostinho, por exemplo. Entretanto, somente no início do século XX com os trabalhos paralelos de Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce, a semiótica começa a adquirir autonomia e o status de ciência.

Charles Sanders Peirce

Do ponto de vista cronológico, a primeira personalidade a citar é Charles Sanders Peirce (1839-1914). Para ele, o Homem significa tudo que o cerca numa concepçao triádica (firstness, secondness e thirdness), e é nestes pilares que toda a sua teoria se baseia. Num artigo intitulado “Sobre uma nova lista de categorias”, Peirce, em 14 de maio de 1867, descreveu suas três categorias universais de toda a experiência e pensamento. Considerando tudo aquilo que se força sobre nós, impondo-se ao nosso reconhecimento, e não confundindo pensamento com pensamento racional, Pierce concluiu que tudo o que parece a consciência, assim o faz numa gradação de três propriedades que correspondem aos três elementos formais de toda e qualquer experiência. Essas categorias foram denominadas:

  • Qualidade;
  • Relação;
  • Representação.

Algum tempo depois, o termo Relação foi substituído por Reação e o termo Representação recebeu a denominação mais ampla de Mediação. Para fins científicos, Pierce preferiu fixar-se na terminologia de Primeiridade, Segundidade e Terceiridade.

Primeiridade - a qualidade da consciência imediata é uma impressão (sentimento) in totum, invisível, não analisável, frágil. Tudo que está imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está na sua mente no instante presente. O sentimento como qualidade é, portanto, aquilo que dá sabor, tom, matiz à nossa consciência imediata, aquilo que se oculta ao nosso pensamento. A qualidade da consciência, na sua imediaticidade, é tão tenra que mal podemos tocá-la sem estragá-la. Nessa medida, o primeiro (primeiridade) é presente e imediato, ele é inicialmente, original, espontâneo e livre, ele precede toda síntese e toda diferenciação. Primeiridade é a compreensão superficial de um texto (leia-se texto não ao pé da letra; ex: uma foto pode ser lida, mas não é um texto propriamente dito). Como Luis Caramelo explica no seu livro Semiotica uma introdução, "A primeiridade diz respeito todas as qualidades puras que, naturalmente, não estabelecem entre si qualquer tipo de relação. Estas qualidades puras traduzem-se por um conjunto de possibilidades de vir a acontecer(...)". Desta forma, temos, no nosso mundo o acontecimento ou possibilidade "chuva", mas é apenas isso, apenas possibilidade existencial. Caso localizemos chuva como um acontecimento, por exemplo "está a chover" estamos perante a secundidade.

Secundidade - a arena da existência cotidiana, estamos continuamente esbarrando em fatos que nos são externos, tropeçando em obstáculos, coisas reais, factivas que não cedem ao sabor de nossas fantasias. O simples fato de estarmos vivos, existindo, significa, a todo momento, que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir a ação de fatos externos resistindo a nossa vontade. Existir é estar numa relação, tomar um lugar na infinita miríade das determinações do universo, resistir e reagir, ocupar um tempo e espaço particulares. Onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem que estar encarnada numa matéria. O fato de existir (secundidade) está nessa corporificação material. Assim sendo, Secundidade é quando o sujeito lê com compreensão e profundidade de seu conteúdo. Como exemplo: "o homem comeu banana", e na cabeça do sujeito, ele compreende que o homem comeu a banana e possivelmente visualiza os dois elementos e a acção da frase. A palavra chave deste conceito é ocorrência, o conceito em ação. É desta forma, também, uma atualização das qualidades da primeiridade.

Terceiridade - primeiridade é a categoria que da à experiência sua qualidade distintiva, seu frescor, originalidade irrepetivel e liberdade. Segundidade é aquilo que da a experiência seu caráter factual, de luta e confronto. Finalmente, Terceiridade corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo. Por exemplo: o azul, simples e positivo azul, é o primeiro. O céu, como lugar e tempo, aqui e agora, onde se encarna o azul é um segundo. A síntese intelectual, e laboração cognitiva – o azul no céu, ou o azul do céu -, é um terceiro. A terceiridade, vai além deste espectro de estrutura verbal da oração. Ou seja, o indivíduo conecta à frase a sua experiência de vida, fornece à oração, um contexto pessoal. Pois "o homem comeu a banana" pode ser ligado à imagem de um macaco no zoológico; à cantora Carmem Miranda; ao filme King Kong; enfim, a uma série de elementos extra-textuais. Sucintamente, podemos dizer que terceiridade está ligada a nossa capacidade de previsão de futuras ocorrências da secundidade, já que não só conhecemos o acontecimento na medida de possibilidade natural, como já o vimos em ação, e como tal, já nos é intrínseco. Desta forma já podemos antecipar o que virá a acontecer.

Também para Peirce há três tipos de signos:

  • O ícone, que mantém uma relação de proximidade sensorial ou emotiva entre o signo, representação do objeto, e o objeto dinâmico em si; o singo icónico refere o objeto que denota na medida em que partilha com ele possui caracteres, caracteres esse que existem no objeto denotado independentemente da existência do signo. - exemplo: pintura, fotografia, o desenho de um boneco. É importante falar que um ícone não só pode exercer esta função como é o caso do desenho de um boneco de homem e mulher que ficam anexados à porta do banheiro indicando se é masculino ou feminino, a priori é ícone, mas também é símbolo, pois ao olhar para ele reconhecemos que ali há um banheiro e que é do gênero que o boneco representa, isto porque foi convencionado que assim seria, então ele é ícone e símbolo;
  • O índice, ou parte representada de um todo anteriormente adquirido pela experiência subjetiva ou pela herança cultural - exemplo: onde há fumaça, logo há fogo. Quer isso dizer que através de um indício (causa) tiramos conclusões. Ainda sobre o que nos diz este autor, é importante referir que «um signo, ou representamen, é qualquer coisa que está em vez de (stands for) outra coisa, «em determinado aspecto ou a qualquer título», (e que é considerado «representante» ou representação da coisa, do objeto - a matéria física) e, por último, o «interpretante» - a interpretação do objeto. Por exemplo, se estivéssemos a falar de "cadeira", o representante seria o conceito que temos de cadeira. Sicintamente, o índice é um signo que se refere ao objeto denotado em virtude de ser realmente afetado por esse objeto.

O objeto seria a cadeira em si e o interpretante o modo como relacionamos o objeto com a coisa representada, o objeto de madeira sobre o qual nos podemos sentar. Sobre isto é interessante ver a obra "One and three chairs" do artista plástico Joseph Kosuth. A principal característica do signo indicial é justamente a ligação física com seu objeto, como uma pegada é um "indício" de quem passou. A fotografia, por exemplo, é primeiramente um índice, pois é um registro da luz em determinado momento.

O símbolo, "é um signo que se refere ao objeto que denota em virtude de uma lei, normalmente uma associação de ideias gerais que opera no sentido de fazer com que o símbolo seja interpretado como se referindo aquele objeto". by Luis Caramelo Exemplo disso é a aliança de casamento, que rapidamente associo ao que denota, a instituição casamento.


É importante esclarecer que as categorias primeiridade, secundidade e terceiridade e os vários tipos de signo estão ligados entre si. Sendo o ícone uma representação da primeiridade, pelas suas caracteristicas prórpias; índice da secundidade e símbolo da terceiridade.

SÍMBOLOS: Não apresentam similaridade com seu objeto - a coisa representada. Representa independente de ligação factual com o objeto, ligações tipo causa-conseqüência. É uma convenção típica. Seu exemplo clássico: letras, palavras, são símbolos. Também são símbolos figuras, objetos, gestos, quando remetem a uma idéia ou a uma significação que não tem, necessariamente, qualquer semelhança objetiva com o aquilo que simbolizam, tal como a cruz simbolizando o Cristo, os dedos em V para dizer "paz e amor" ou o polegar erguido ou ainda a bandeira branca, indicando Paz ou as vestes negras ou brancas indicando luto. Estamos acostumados com esses significados mas não podemos negar que são meras convenções consagradas pelo uso em determinadas culturas.

ÍCONES: Aqui não existe distinção entre o representante e o objeto - o representado. O ícone representa o que representa, seja como for, pelo fato de ser como é. Representa por característica própria que possui, mesmo que seu objeto não exista. As imagens em geral, são ícones. A imagem da lixeira, na área de trabalho do seu computador, representa a lixeira porque é de fato, a figura de uma lixeira tal como nos é possível reconhecê-la.

ÍNDICES: Indícios. São indicativos. Representam algo que não está presente e esta representação decorre de uma relação de causalidade. Todas as sugestões são índices. Pegadas na lama: alguém passou por aqui. Diz o poeta: " ... sua alma subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar... " , entende-se, ela morreu se atirando ao mar (Ismália, de Alphonsus Guimarães).
O que complica é que o caráter do signo não é uno e nem fixo. Um mesmo signo pode ser de caráter simbólico, icônico e indicial. Com predominância desse ou daquele caráter. Por isso, os significados são como imagens caleidoscópicas. Mudam, de acordo com a situação ou a circunstância de ocorrência da semiose. Nas circunstâncias particulares de cada ocorrência do fenômeno entendimento.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Cores! e seus significados.

Semiótica - primeiridade, secundidade e terceridade!!!

Conceitos e as tradições

O estudo dos signos começa com as origens dos homens, pois entender e interpretar o mundo e os homens significa estudar signos. Porém, o advento da ciência geral dos signos é de tempos mais recentes. A Antigüidade grega tinha uma filosofia do signo, que era uma teoria do conhecimento humano. A Idade Média desenvolveu a sua própria “doutrina dos signos”, que culminava numa tipologia elaboradíssima dos signos.